Guilhofrei

Paulo Dias

Falar de galinhas, criadores, alimentação, cuidados, doenças, entre outros, é assunto que me passa bastante, senão mesmo, muito à margem da minha experiência, pois como todos ou a maioria dos leitores sabe, não é esta a minha especialidade.

Todavia, sendo filho de lavradores e vivendo sempre em propriedades com espaços que possibilitavam a instalação de galinheiros, como o caso da casa paterna onde nasci e cresci, nos seminários por onde passei e, agora, nas residências paroquiais, sempre as galinhas fizeram parte do número dos animais e da minha vida doméstica.

Quanto à sua origem, não vale a pena falar porque, até ao presente, ainda ninguém explicou cientificamente se nasceu primeiro o ovo ou a galinha. Temos, no entanto, por certo, que é um ser anterior à existência do homem, pois, pelo que nos diz a Bíblia, Deus criou o homem depois dos animais.

No que diz respeito à sua utilidade, é indiscutível, e perdoem-me os vegetarianos, a sua carne é uma boa fonte de proteínas, assim como os ovos, quando bem cozinhados, são uma excelente matéria-prima com a qual se fazem maravilhosas ementas. Relativamente a raças e cores, há, no mercado, oferta para todos os gostos – amarelas, pretas, brancas, pedreses, pequenas, grandes, etc.

Ultrapassando isto que toda a gente conhece melhor do que eu, gostava de falar de uma coisa que, há muito tempo, caiu no esquecimento – a utilização que, em tempos remotos, tiveram as penas da galinha, assim como dos patos e de outras aves congéneres.

Quando frequentei a escola primária, para escrever, já não utilizamos a pena de galinha, mas sim uma pena com aparo metálico, dado que as canetas de tinta permanente só apareceram mais tarde. O sistema, no entanto, era o mesmo. Ao meio da carteira, onde se sentavam dois alunos, havia encaixado um tinteiro que o professor (no meu caso) enchia, sempre que necessário, com a tinta que ele próprio fazia num frasco maior, usando água e o pó que adquiria nas drogarias da cidade de Braga. Mas os antepassados, como por exemplos os monges copistas de Mafra, utilizavam-nas como instrumentos para escreverem os seus pergaminhos e livros. O mesmo vemos, sobretudo nas nossas igrejas, as figuras dos Evangelistas com a pena na mão direita e o livro (Evangelho) na esquerda.

A foto que me foi proposta para elucidar este texto está excelente – o fotógrafo, o homem (Paulo Dias) e o galináceo.

Autor do texto: Pe. Alcino Xavier