O CAVA apresentou a I Conferência Temática sobre “A afirmação do AMOR num mundo de VIOLÊNCIA”, convidando três "especialistas na matéria” que na noite fria de 20 de Outubro conseguiram lotar completamente o anfiteatro municipal.

O delegado regional do IPJ de Braga, Pompeu Martins, apresentou e coordenou a mesa redonda constituída por: Júlio Machado Vaz (Psiquiatra, Doutorado em Psicologia Médica, Professor no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), José Pinto da Costa (Doutorado em Ciências Médico-Legais, Professor Catedrático de Medicina Legal, Presidente do Instituto de Medicina Legal e da Sociedade Médico Legal de Portugal) e Maria Geraldes (Licenciada em Língua e Literaturas Modernas, Directora Geral da Fundação da Juventude do Porto e Presidente do Instituto Português da Juventude – IPJ).

Júlio Machado Vaz começou por abordar “A evolução do amor romântico no século XX”, uma expressão “que não foi extinta” mas que provocou muitas modificações no campo das “sexualidades”. Após uma breve síntese histórica da evolução do romantismo do século XIX ao século XX, referiu que “a descoberta da contracepção hormonal, não por acaso utilizada nas mulheres, (os homens têm mostrado um desinteresse olímpico pela contracepção hormonal para eles), fez com que pela primeira vez se estabelecesse uma fronteira clara entre o sexo procreativo e o sexo recreativo, ou seja, a possibilidade de uma relação sem risco de concepção”. A partir desta realidade, “as mulheres conquistavam muitas coisas, desde o direito ao voto, igualdade de direitos, à entrada em massa no mercado do trabalho o que nos custou caro porque as mulheres passaram a ter duas profissões. A sexualidade feminina passou então a ser assumida de uma forma como não podia ser no século anterior”, referiu este orador. Reportando-se à importância da comunicação social, Machado Vaz concluiu que vivemos numa” “sociedade de aparências, que privilegia o ter em detrimento do ser. Somos mais julgados pelo que parecemos do que pelo que somos na realidade. Num mundo que privilegia o rápido, o efémero, o pronto-a-vestir e o pronto-a-sentir, exigimos muito e de preferência já, o que significa que às vezes surgem crises no casal e as pessoas desistem depressa. “O amor tem de ser qualquer coisa de paradisíaco – ouço às vezes no meu consultório", confessou J. Machado Vaz. “Mas não há relações paradisíacas. O amor ao mesmo tempo pode ser a coisa mais beatífica que nos surpreende ao virar da esquina mas que se alimenta e isto é algo que dá muito trabalho. E o facto de dar trabalho não significa que não amemos o outro. Significa que as relações entre as pessoas, sejam as de trabalho sejam as amorosas, dão trabalho”.

J. Pinto da Costa tratou o tema “Do amor à violência” referindo casos de violência juvenil e doméstica de ”jovens casais que logo depois de jurarem um amor eterno iniciam um caminho de violência”. Analisou ainda os diversos conceitos de amor, desde o romântico, poético, pragmático e o casamento de conveniência, realizado com fundamento económico.

Maria Geraldes versou “O jovem e o mundo de ameaças”, apresentando algumas respostas que o Instituto Português da Juventude tem dado aos milhares de jovens que procuram os espaços e os programas do IPJ.

Filipe de Oliveira, presidente do Clube Amigos de Vieira, encerrou, já depois da meia noite, o ciclo de intervenções, agradecendo a presença dos oradores e apelando a todos para a construção de um mundo pacífico e de amor, “sem violência nem crueldade, já que ele é um local maravilhoso e merece que se lute por ele”.