Rui Rio culpa impunidade de jornalistas por haver cada vez menos gente na política

Vieira do Minho, Braga, 29 Set (Lusa) – O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, responsabilizou, esta noite, os jornalistas por haver “cada vez menos gente na política” e pediu o fim da impunidade na comunicação social.

“Muitos jornalistas pensam que eu não penso mas eu penso”, o presidente da Câmara do Porto começou desta forma a intervenção, esta noite, na II Conferência do Clube de Amigos de Vieira, com o tema “Os jogos do poder na comunicação social”…

Rui Rio acabou por dominar a conversa num auditório repleto e onde também o jornalista da TVI, Júlio Magalhães, falou das relações entre a comunicação social e a política.

Com muitas críticas à forma como “alguns jornalistas” trabalham, o autarca social-democrata defendeu o “fim da impunidade” no jornalismo e o fomento da “auto-regulação na comunicação social”.

“Tem de haver mecanismos de defesa das pessoas perante a difamação ou a insinuação que determinados órgãos de comunicação fazem aos políticos”, afirmou Rio.

Esta “falta de defesa” é mesmo apontada pelo autarca como sendo “a principal razão” que leva muita gente a não aceitar convites para exercer funções numa autarquia ou no Governo.

“Cada ver há menos gente disponível para ocupar cargos públicos porque têm medo da comunicação social”, frisou o presidente da Câmara do Porto.

Enquanto os sociais-democratas elegiam o líder do partido, Rui Rio condenou os políticos que “aderiram às regras da comunicação social” e que olham para as pessoas como “espectadores” e não como cidadãos.

Deu como exemplo a marcação de conferências de imprensa políticas ás 20:00, a hora a que começam os telejornais.

É também a essa hora que o autarca se queixa de que, alguns jornalistas, lhe telefonam para o gabinete na Câmara do Porto.

“Há jornalistas maldosos que ligam para a Câmara às oito da noite para eu comentar uma notícia que já está feita”, frisou.

Quanto à existência ou não de liberdade de imprensa em Portugal, Rio disse que não há liberdade de imprensa da forma que entende que deve haver .”A liberdade de imprensa não respeita as outras liberdades. Assume-se como a única verdade e isso não pode ser”, referiu o autarca.

Entre as muitas queixas que enunciou, provocou gargalhadas entre a assistência quando disse que, nos jornais, os “direitos de resposta, só não aparecem na página da necrologia por acaso”.

Questionado se em Portugal se vive numa democracia, Rui Rio afirmou que “não existe democracia nem existe ditadura”.

“O único poder democraticamente controlado é o político e o poder político é um poder cada vez mais fraco numa sociedade onde há uma pequena prevalência de poderes não democráticos”, disse.

E finalizou: “Em Portugal vive-se um regime democrático que falha muito.”

in “Expresso Online”, 29 Setembro 2007